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Aprisionados por uma questão de saúde!



Da janela vejo olhares tristes de uma população já envelhecida, mas ainda com muita vontade de viver.

Com a pandemia as janelas da minha rua estão mais habitadas do que nunca, até porque lá dentro das suas casas a solidão mora muitas vezes, e é através dessas brechas que os mais velhos se alimentam das vozes, das caras e dos sorrisos (alguns tapados pelas máscaras) de quem passa pela rua.

Estamos todos cansados, agastados e por vezes pouco esperançosos que a normalidade se instale novamente. Mas eles os mais velhos aqueles que nos ensinaram a comer a sopa, aqueles que nos ensinaram a andar de bicicleta, aqueles que povoaram a nossa vida de estórias, aqueles que cuidaram das nossas quedas precisam urgentemente que cuidemos deles.

São os nossos velhos, mas que seria da vida sem eles? Vazia de património afetivo, vazia de saber, vazia de razão, e vazia de ser e de ter.

Desejo que deixem de estar à janela, desejo ansiosamente que possam caminhar novamente pela vida e serem felizes, porque para eles no outono das suas vidas basta-lhes pouco, mas o pouco que lhes basta neste momento foi-lhes retirado.

Lembremos neste tempo incaracterístico, nós os mais novos, que quando temos vontade de bater asas como as borboletas, podemos provocar um tufão emocional negativo difícil de superar aos nossos pilares emocionais: pais e avós!

Não precisamos de deixar de existir, precisamos de ser apenas cientes de uma nova verdade de viver.


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